A Liga Brasileira de Futebol (Libra), um grupo composto por 18 clubes que busca a formação de uma única liga em conjunto com a Liga Forte do Futebol Brasileiro (LFF), composta por 26 clubes, anunciou a publicação de um documento que formaliza seus critérios de divisão de receita de televisão e apresenta uma simulação do cálculo pela primeira vez.

Cláusula de estabilidade para Flamengo e Corinthians

A Libra apresentou uma "cláusula de estabilidade" em sua proposta, com o objetivo de proteger os clubes que mais contribuírem na formação da Liga, como Flamengo e Corinthians na distribuição de receitas de televisão.

O documento foi assinado pelo BTG Pactual e pela Codajas Sports Kapital, que assessoram a Libra nos cálculos e na busca por investidores, como o Mubadala Capital, fundo ligado ao governo dos Emirados Árabes.

Essa cláusula estabelece que, durante o período de transição de cinco anos, se a receita ficar abaixo do valor da temporada de 2022, Flamengo e Corinthians receberão percentuais iguais aos dos contratos atuais de transmissão, mesmo que o valor absoluto seja menor. 

Caso a receita de televisão do futebol brasileiro ultrapasse a de 2022, esses clubes terão garantidos pelo menos o mesmo valor que receberam no ano passado.

Além disso, de acordo com os números apresentados no documento, após o período de transição, a diferença entre a receita do primeiro e do último colocado na divisão de receitas estaria obrigatoriamente abaixo do que a LFF cobra, cerca de 3,5 vezes.


Transição


A Libra afirmou em seu documento que a regra de transição foi elaborada para garantir que os clubes não percam receita em relação ao modelo atual, um dos pontos mais controversos da proposta. O documento apresenta comparações entre os percentuais atuais, durante e após o período de transição.




A apresentação divulgada nesta terça-feira começa com um ponto que parece próximo de um acordo, mas que foi motivo de discórdia por muitos meses: a distribuição geral de receitas. 

A LFF propôs um modelo em que 45% da verba é dividida de forma igualitária, 30% de acordo com a performance medida apenas pela colocação no campeonato do ano em questão, e 25% a ser distribuído de acordo com a audiência.

A Libra propõe uma divisão de 40% de verba igualitária, 30% por performance, levando em conta um retrospecto de três anos, e 30% por audiência, durante o período de transição, que dura até cinco anos ou até que as receitas alcancem o patamar de R$ 4 bilhões, o que ocorrer primeiro. 

Após o período de transição, os percentuais de receita de televisão do futebol brasileiro seriam ajustados para 45-30-25, como proposto pela LFF. No modelo atual, 29,7% da verba é dividida igualitariamente.



Desempenho


No que se refere à divisão de receitas por desempenho, a Libra e a LFF apresentam divergências em relação aos critérios a serem utilizados. Enquanto a LFF defende que a colocação no campeonato vigente seja o único critério, a Libra argumenta que isso prejudicaria os clubes que eventualmente fossem rebaixados para a Série B. 

Por isso, propõe levar em consideração o desempenho nos últimos três anos, com 34% do valor total atribuído à temporada atual, 33% à performance no ano anterior e outros 33% referentes à colocação de dois anos atrás.


Audiência


De acordo com a apresentação divulgada pela Libra, durante o período de transição, que pode durar até cinco anos ou até que as receitas dobre para um patamar de R$ 4 bilhões, a variável de audiência corresponde a 30% do total. 

Após esse período, o percentual cairia para 25%. Atualmente, os valores distribuídos de acordo com audiência correspondem a 48,1% do total de receitas.

O cálculo da variável de audiência é feito levando em conta a audiência média de cada clube da Série A, por plataforma de transmissão, ponderada pelo investimento da plataforma. 

A Libra destaca que o objetivo desse modelo é estimular os clubes a buscar engajar cada vez mais seus torcedores, premiando as equipes com melhor desempenho neste quesito.

Cláusula de estabilidade:


A "cláusula de estabilidade" é um mecanismo apresentado no documento da regra de transição com dois objetivos principais:

Se a receita da Série A for menor ou igual à temporada de 2022, os dois clubes manterão o percentual de receitas auferido naquela temporada, sem transferir risco para qualquer outro clube.

Se a receita da Série A for superior à temporada de 2022, os dois clubes terão receita ao menos equivalente à auferida naquele ano, e os demais clubes capturarão em maior proporção o crescimento inicial de receitas da Liga.

Repasse para a Série B:


Embora não seja um ponto de grande atrito, há divergências quanto ao repasse das receitas para a Série B. A LFF propõe destinar 18% do total das receitas para a Série B, com mais 2% para a Série C, enquanto a Libra confirmou que destinará 15% do montante total apenas para a segunda divisão. 

Alguns membros do bloco argumentam que as principais ligas do mundo não incluem a terceira divisão nesta conta.

O documento apresentado pela Libra traz um gráfico comparando o percentual de 15% destinado à Série B com o oferecido pela La Liga (10%) e pela Premier League (12%) aos clubes das segundas divisões de Espanha e Inglaterra, respectivamente. 

Atualmente, o modelo destina 9,5% do total de receitas às equipes da Série B do Brasileiro.

OS BLOCOS

São membros da Libra: Bahia, Botafogo, Corinthians, Cruzeiro, Flamengo, Grêmio, Guarani, Ituano, Mirassol, Novorizontino, Palmeiras, Ponte Preta, Bragantino, Sampaio Corrêa, Santos, São Paulo, Vasco e Vitória.

São membros da LFF: ABC, Athletico, Atlético-MG, América-MG, Atlético-GO, Avaí, Brusque, Chapecoense, Coritiba, Ceará, Criciúma, CRB, CSA, Cuiabá, Figueirense, Fluminense, Fortaleza, Goiás, Internacional, Juventude, Londrina, Náutico, Operário-PR, Sport, Vila Nova e Tombense.